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O futuro é agora: como a tecnologia digital já está transformado o mercado de automóveis

Os rápidos avanços da tecnologia digital, sobretudo das aplicações de inteligência artificial (IA) e de realidade aumentada, prenunciam uma transformação profunda em todos os setores da economia. Isso engloba, é claro, o setor automotivo.

A face mais visível desse fenômeno é bem exemplificada pelos carros autônomos, que deixaram de ser uma promessa “futurista” e se tornaram realidade, já usados em diversos projetos-piloto de mobilidade em cidades americanas e europeias.

Mas há um lado menos conhecido dessa história, que deve impactar até mais o mercado automotivo no curto prazo. Refiro-me aqui às transformações que a IA está provocando na maneira como compramos, vendemos ou alugamos um carro.

Talvez a principal novidade seja o fato de que a internet deixou de ser um local em que prioritariamente buscamos informações, tornando-se uma ferramenta que auxilia (e influencia) nossas decisões, ou uma espécie de “conselheira”.

A pesquisadora Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, assinala que, neste século, a humanidade deixará de “pensar sozinha”, passando a contar sempre com o suporte de alguma IA para tarefas que vão de escolher um filme a resolver problemas complexos no ambiente de trabalho, de optar por uma rota no GPS a realizar um diagnóstico médico.

O mercado automotivo já se aproveita dessas ferramentas, como no uso de bots de atendimento ao cliente, mas há um enorme potencial a ser melhor explorado. Com a IA, pode-se saber, por exemplo, em que fase da jornada de consumo está cada cliente, tomando por base seu padrão de comportamento em todas as demais transações. Com isso, é possível desenhar estratégias específicas, mais eficientes, para cada etapa dessa jornada.

Vale ressaltar ainda a conscientização dos usuários profissionais sobre a necessidade de adoção de práticas sustentáveis e a busca por veículos com menor impacto ambiental, além da capacitação técnica, de forma a se adaptarem à nova realidade do mercado, como as novas tecnologias dos carros elétricos e autônomos, por exemplo.

A tecnologia vai mudar também o que entendemos ser uma concessionária. Hoje há ferramentas de realidade aumentada que permitem um tour virtual em qualquer modelo de automóvel, oferecendo não apenas a experiência visual do veículo, como também um detalhamento de seus aspectos técnicos. Nesses showrooms de realidade aumentada, o cliente pode entrar no carro, abrir o capô, simular um test-drive, e assim por diante.

Isso significa que o espaço físico de uma concessionária, que hoje precisa abrigar dezenas de modelos, poderá ser drasticamente reduzido. É seguro dizer que essa tendência irá se popularizar nos próximos anos, haja visto que, segundo pesquisa da consultoria McKinsey Automotive, até 2025 um quarto do mercado global de veículos novos será virtual. A pesquisa Análise Setorial, do Data OLX Autos, revela que 88% dos consumidores consideram crucial ter, cada vez mais, acesso a plataformas digitais com opções de financiamento. Para impulsionar as vendas em 2023, é essencial que as revendedoras se posicionem adequadamente no meio digital.

Mais do que uma onda ou “modismo”, a incorporação da tecnologia digital ao mercado automotivo corresponde a uma mudança geracional. A chamada Geração Z, nascida a partir da segunda metade dos anos 1990 e, portanto, a primeira que já cresceu com acesso à internet, irá representar um terço do mercado consumidor nos próximos anos. Como estabelecer uma comunicação eficiente com esse público?

A incorporação de pautas sociais e ambientais, mais caras a essa fatia da população, é certamente um caminho promissor, o que ajuda a explicar a aposta pesada das empresas no mercado de carros elétricos. Mas é preciso entender também que novos hábitos de entretenimento e de consumo de conteúdo – pensemos no uso de aplicativos como o TikTok, ou no sucesso das séries nos serviços de streaming – exigem novas estratégias publicitárias e uma reformulação na identidade das marcas automotivas.

Mais ainda, a compreensão desses novos valores e anseios será fundamental para que as empresas possam recrutar profissionais da Gen Z. Trata-se de uma mão-de-obra interessada em modelos flexíveis de horários, em trabalho remoto, em relações mais informais no ambiente corporativo. Trata-se, sobretudo, de um público acostumado a relações profissionais intermediadas pela tecnologia. Quem deseja atrair esses talentos, e com eles toda uma bagagem cultural que permitirá construir uma comunicação mais eficiente com os novos consumidores, precisa repensar as relações tradicionais de trabalho.

Vê-se, portanto, que as mudanças trazidas pela tecnologia digital vão muito além deste ou daquele produto inovador. A reformulação do mercado automotivo nas próximas décadas será bem mais abrangente, impactando desde os padrões de governança corporativa até a relação das empresas com seus consumidores. Assim sendo, o carro deve ser encarado como parte de um ecossistema de mobilidade conectado, que não se opõe ao transporte público ou à mobilidade ativa.

Entender e absorver esses movimentos deixou de ser uma tarefa para o futuro. No caso da tecnologia digital aplicada ao mercado de automóveis, o futuro já chegou.

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